quarta-feira, 23 de julho de 2008

Superfície

Superfície

Vez ou outra
atenho-me a pensar sobre a profundidade
ou a superfície dos pensamentos

eu não sou muito profundo
quando se refere à arte de pensar

a profundeza do pensar
assim como a profundeza do rio, do mar
traz a pressão
o desequilíbrio
a suspensão

não que a profundeza do pensar
não seja importante
mas não me dou bem com esta prática
preferindo a superfície

mas, pensando bem
não tão profundo
minha história de vida
vem sendo delineada nas bordas
nas superfícies e margens experimentais

fiz tese, mas não aprofundei
toquei violão, sem ser violonista
dancei o samba, sem ser passista

e quanto ao amor?
Ah, o amor!

Alguns pensam que o amor verdadeiro
este que dizem existir por ai
está ou vem lá do fundo
de um mundo outro
dos amantes perfeitos

pois eu já penso
que o amor que invento
é mais amor,
quando, ao sabor do vento,
do tempo
dos amantes
flui pela superfície

o amor quando vai fundo
não é deste mundo
arrebenta
não há quem agüenta
acorrenta
parece uma velha rabugenta

é muita pressão
atormenta
desmaia
é uma verdadeira tocaia
ao sentimento

ninguém se sente bem
quando mergulha fundo
no amor
no trabalho
no submundo

amar na superfície
é tão bom
que não tem igual
que não tem rima perfeita
é natural

viver na superfície
não significa não mergulhar
não enxugar

viver na superfície
é um aprendizado
a todo bem amado

Um comentário:

Blog da Joana Paro disse...

Poesia é sempre um belo presente!
Obrigada pela tua visita ao meu blog, só assim pude conhecer tua poética e idéias. Lindas tuas palavras, mas este poema é tão espontâneo que faz rir e chorar. Verdadeira arte de encantar!

Joana.