segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Amor Entra Em Cena

O Amor Entra Em Cena

E de repente a cortina cai
as luzes se apagam
e o coração dispara:
"achei o amor da minha vida"
agita o amante, a amante

e no início é só aplausos
risos salpicando aqui e acolá
a felicidade é tanta
que nem se aguentam dentro de si

logo após os primeiros movimentos
beijos, abraços, pulos desconexos
lençóis amaçados
corpos ardentes
febre viril
aparecem as primeiras interrogações

Por quê existem os porquês?
principalmente quando se trata de amor
os que amam vêem sempre além
a mais do que os que os rodeiam
e enchergam menos do que o normal

mas o amor justifica tudo, não é?
não é não
depende da fase, do estado de esperíto, da satisfação

o amor traz sempre consigo uma terceira entidade
um oposto de si
um espelho sarcástico
unha e carne um do outro
e que revelam no ser humano
a simultaneidade de suas contradições

e a razão, esta amiga da paixão
quando toma conta do sujeito
traz mil indagações:
por que amar tal pessoa?
por que não ser amado por tal pessoa?
por que tal pessoa não me amar como eu gostaria?

ora vilã, ora reveledora de verdades
esta Deusa do ocidente
tematiza aquilo que o sujeito amante menos gosta: o porquê do amor
ou o porquê do não amor

mistério indecente
transgressor
pois quando bem alimentada
esta Deusa desconcertante
revela ao indivíduo o que ele mais teme:
ele mesmo

chegar ao final do espetáculo
amando, amante, amado, amada
traduz-se com a arte do silêncio
da reflexão
do olhar atento no cenário estonteante
buscando nos mínimos detalhes das cenas no palco
significados especiais
que possam dar sentido
ao amor que cada um cria para si e para o outro

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