terça-feira, 23 de setembro de 2008

Poema Escorregadio

Uma poesia
caiu na minha mão
escorregou pelo braço
passou pelo pescoço
correu pelo peito
e foi alojar-se no coração
agora é pura emoção
está em casa
de volta pra casa
fazendo a alegria
deste poeta
que se perde no meio de tanta razão

sábado, 20 de setembro de 2008

Abraço

Abraço de lado
de frente,
de costas,
de forma que a gente
se entende

abraço apertado
de olhos fechados
de mente aberta
razão incerta

abraço, abraço, abraço..

sábado, 6 de setembro de 2008

Uma Casa Na Estrela Do Sul

Há uma casa na Estrela Do Sul
que me lembra de onde eu sou
ou que me faz indagar
para onde eu vou?

que ainda não tinha nome
até o dia em que meu pai,
como um passe de mágica,
mudou de endereço,
substituindo o dezoito noventa e cinco
pelo blue,
azul,
do céu anil,
forte, como a morte

Meu pai era um homem simples,
silencioso, sonhador,
talvez mais romântico do que eu sou
deixou saudades
e um sorriso encantador

Sua casa na estrela do sul
me lembra Nina Simone cantando Bob Dylan
desenhando uma casa em New Orleans
num batido compassado
lembrando músicas do passado

na casa de endereço cintilante
que passei a chamar de casa azul
ficou minha mãe
chorando de noite e ao amanhecer
momentos fortes de cotidianos encontros
que viraram desencontros

Na Estrela do Sul
dentro da casa azul
o chão está molhado de lágrimas
de palavras despedaçadas
cacos de lembranças

e é no ato de catar os pedaços,
as sobras daquilo que viemos a ser
que nasce mais este poema
tentando dizer aos que ficaram,
minha mãe,
irmão,
filhos,
esposa,
cunhada,
sobrinhos,
primos,
tias,
avó e amigos,
que na casa da Estrela do Sul
assim como em todos nós
é possível renascer novas melodias

basta olhar com a emoção das plantas
tão bem cultivadas pela minha mãe
em seu jardim de rosas
que para sobreviverem frente ao vento,
chuva e seca,
quando morrem
deixam seus frutos
para continuar a vida

Há uma casa na Estrela do Sul
erguida de tijolos, areia, água e cimento
cheia de histórias e poesias
e Deus sabe muito bem
que nesta argamassa aglutinante
o meu choro e minhas palavras
são componentes sensíveis
desses materiais sinfônicos
da vida que meu pai e minha mãe
construíram no ponto cardeal
que é a Casa Azul